da Folha Online
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comemorou nesta sexta-feira o fato de o Brasil ter anunciado um empréstimo de US$ 10 bilhões para o FMI (Fundo Monetário Internacional).
"Antigamente, as pessoas ficavam de joelhos para o FMI. Vocês viram que engraçado: esta semana eu emprestei US$ 10 bilhões para o FMI", afirmou durante evento em Sergipe.
"O povo está com a auto-estima elevada, ninguém tem mais vergonha de dizer que é nordestino, que é negro ou que é brasileiro, nós temos orgulho de dizer", ressaltou.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, informou na última quarta-feira (10) que o Brasil vai emprestar US$ 10 bilhões ao FMI. Com a decisão, o país exerce, pela primeira vez, o papel de financiador do fundo, já que, apesar de integrar o grupo dos 47 países credores, o Brasil ainda não havia feito empréstimos fora de sua cota (hoje de US$ 4,7 bilhões).
Segundo Mantega, os financiamentos ao FMI serão feitos pela compra de bônus (títulos), expressos em direitos especiais de saque, modalidade que já existia no fundo e foi recuperada pelo Brasil. É como se o Brasil desse um cheque de US$ 10 bilhões ao FMI, para ser usado em caso de emergência, e pelo qual o país recebe juros --a taxa ainda não foi definida.
Segundo o ministro, essa modalidade de empréstimos é distinta cota e provisória --enquanto o FMI não faz a reforma de cotas de participação dos países, aumentando a do Brasil e dos emergentes.
Em abril, na reunião do G20 em Londres, os países com recursos disponíveis decidiram fazer aportes, de modo que o FMI arrecadasse US$ 500 bilhões, disse Mantega. Segundo ele, trata-se de uma ação importante porque "ajuda a encurtar a crise internacional" e a viabilizar a retomada mais rápida do comércio mundial e dos investimentos.
Os BRICs (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China) também fizeram parte da iniciativa: a China emprestou US$ 50 bilhões e a Rússia, US$ 10 bilhões --a Índia ainda não definiu o valor.
As reservas internacionais estão hoje em cerca de US$ 200 bilhões. Esse volume permanecerá inalterado, uma vez que o Brasil apenas modifica o tipo de aplicação.
Em vez de aplicar as reservas, por exemplo, em títulos do governo norte-americano, investiria nesses bônus do FMI.